quarta-feira, 5 de outubro de 2022

 

revista 


 
 

Batem à minha porta, 
comida delivery! 
Aqui na madrugada viajo na  minha vida antiga 
vagueando sem preciosidade dentro da minha idade; 
O destino vai se acanhando todo dia trazendo algumas enfermidades: 
são as nossas frustrações entupindo a aorta; 
remediar são os gritos ecoados para dentro, 
saudade tatuada em nossos corações, 
desilusão; 
a efemeridade do tempo, agride as recordações 
da nossa intimidade a cada hora invadida, 
pelo celular em viva voz, pelo latido do cão, barulho do trem, caminhão,  motocicleta, tv em volume alto,  
pela minha dieta que fica em todas as promessas de início na segunda feira. 
As coisas se repetem, a barriga crescendo, a cirurgia, o câncer,  
o marca-passo as dores passo a passo, lombar; 
 
 

Minhas liberdades evocam a seus limites, mas os estupram. 
Quero minha canção preferida de volta 
no sorriso ou talvez no choro 
de um saxofone solitário à noite num barzinho 
que serve pastel de palmito e um cálice de cachaça. 

  

 


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